sábado, 30 de junho de 2007

O Livro Negro .... e Miguel Torga



Tenho imenso orgulho no Cineclube de Amarante! Se é verdade que os filmes demoram a cá chegar, também é verdade que se mais não fazem é porque não podem e porque também os amarantinos não dão tanto valor como deviam a este grande serviço de cultura!
E na passada sexta-feira fui ver um filme que já queria ver há muito tempo: O Livro Negro. Ia com grandes expectativas, que não foram goradas. De todo! Aconselho vivamente e destaco uma frase, que devia servir de ensinamento a todos os líderes do mundo e a todos os comuns mortais:


Na parte final do filme, após a vitória dos Aliados, os holandeses festejam a sua libertação e prendem, escarnecem os vencidos, ajuntam-nos, tratam-nos como porcos, maltratam-nos, humilham e despejam neles os seus dejectos. No meio deste "arraial" de mediocridade, surge alguém da Resistência (Dr. Hans) que lhes diz:

Vocês são tão maus como os nazis!


E como esta frase resume tanto... E como devíamos aprender com ela...


(Ah, e fiquei fã de Sebastian Koch, também na imagem)



Adolfo Correia Rocha
Médico especialista
Ouvidos, Nariz e garganta
largo da Portagem, 45 - 1.º, Coimbra


Assim era o cabeçalho das receitas do conhecido escritor transmontano Miguel Torga!



Esteve em exibição até hoje(melhor dizendo ontem, tendo em conta a hora a que estou a escrever), na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira, em Amarante, uma exposição comemorativa dos 100 anos do nascimento de Miguel Torga. Este nasceu a 12 de Agosto de 1907, em S. martinho de Anta. Só tenho de dar os meus parabéns a esta exposição, que vai correr algumas cidades do país! Desde as suas obras, rascunhos, fotografias, fitas, diploma de licenciatura, cartas que demonstram a perseguição do Antigo Regime. Muito havia para ver e saborear, palavras deliciosas, que nos fazem querer sair daquele edificio, pegar numa mochila e descobrir as fragas de Portugal. Admito, dos 3 poetas contemporâneos que estudei no 12.º ano, foi de Miguel Torga que mais gostei. talvez por falar no meu Marão que sempre que estou em casa vejo, talvez por sentir nele a força duma natureza próxima... Desta exposição deixo ficar uns excertos que escrevinhei para mais tarde recordar: o primeiro tem que ver com o que falei em cima, o segundo, achei curioso, como praxista e como amante da minha capa negra!


"E é isso que me penaliza e assombra: que a intolerância possa constituir um modo de vida!"


"8 de Dezembro de 1933 - Conforme a tradição, mal o bedel disse que sim, que os lentes consentiam que eu receitasse clisteres à humanidade, conhecidos e desconhecidos rasgaram-me da cabeça aos pés. Só deixaram a capa. E aí vim eu pelas ruas fora, o mais chegado possível à minha própria realidade: um homem nu, envolto em 3 metros de negrura, varado de lado a lado por um terror fundo que não diz donde vem nem para onde vai." - Diário I, 1941

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ups!!!...


Hoje o Você na Tv, que muito alegremente festejava o S. João no Porto, proporcionou um momento deveras curioso! Com o seu palanque na Praça D. João I, à frente do Teatro Rivoli que ostenta o novo musical, Jesus Cristo Super Star, depois de uma breve actuação do Judas da peça, muito enforicamente, diz o Sr. Filipe La Féria, mais ou menos isto:


Eu fiquei muito espantado, nunca pensei que houvesse tanto talento no Porto, tanto que o elenco é 86% do Porto!




Ups!!!!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Mudança de paradigma?

Na Quarta-feira à noite deu uma reportagem sobre os novos hábitos masculinos e sobre os seus cuidados especiais com a sua aparência. Sobre isto já tenho tido um conjunto de debates, alguns até mais inflamados, e vou expressar aqui uma opinião sobre um tema em concreto: a maquiagem.
A maquiagem serve para realçar a nossa beleza, aperfeiçoando características, disfarçando outras... É também uma forma de arte, tendo de se adequar ao género da pessoa, às circunstâncias, entre outras situações.
Ora, por que não hão-de os homens de se valorizar neste aspecto? Porque não utilizar base ou um lápis discreto nos olhos? Já não digo sombras espampanantes, mas um risco de lapis debaixo do olho pode beneficiar tanto um olhar... Será isso retirar a masculinidade? Já antes os homens se maquiavam, depois caiu em desuso e agora é sinónimo de "tendência sexual desviante" ou de atitude excêntrica por parte de artistas. Não creio que se deva pensar assim! E há homens que maquiados ficariam tão melhores que mulheres...

Fica a "provocação"...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

No dia 10 de Junho..... de 1910




Ontem foi dia de Portugal, 10 de Junho, um feriado domingueiro.

Apanhei o vício de ir ver o que Fernando Pessoa escreveu ao longo dos dias de cada ano, recorrendo à minha "Bíblia" de Poesia 1902-1917, da Assírio e Alvim e encontrei o seguinte poema:





"Ó naus felizes do mar vago
Voltais enfim ao silêncio do porto
Quando é na tarde a tarde irreal,
Meu coração é um morto lago
E à margem triste do lago morto
Sonha um castelo medieval.

E nesse onde sonha castelo triste
Nem sonha saber, a de mãos formosas
Sem gesto ou cor, triste castelã
Que um porto além rumoroso existe
De onde as naus negras e silenciosas
Se partem antes de ser manhã.

Nem sequer pensa que há o onde sonha
Castelo triste; seu esp'rito monge
Para nada externo é vivo e real;
E enquanto ela assim esquecida vagueia tristonha
Regressam tristes do mar ao longe
As naus ao porto medieval."




(Foto tirada num dos meus sítios favoritos no Porto)


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