Porque não me vês inteira, porque o meu fado é acolher-te no meu seio, como uma mãe envolve docemente seu filho.
Tarde escura, de um frio que arrepia a espinha coberta com panos grossos. Frio que penetra os lugares mais protegidos e que se esquiva aos obstáculos. E essa tarde torna-se tudo lá fora, no meu dentro. A música amortece o momento, embala-me para seguir o caminho negro do que se segue e os meus olhos crescem desmesuradamente, são despertados para sair da realidade, para pairar sobre aquele local, para ser o narrador presente, para pressentir tudo… tudo… todo o pulsar das batidas dum órgão maldito que racionaliza e vê… que o narrador é apartado da cena principal e os focos iluminam quem naturalmente desempenha o seu papel. Naturalmente sem o saber, um deles a pensar que desempenha o papel contrário, o de grilo, e não o de pinóquio. O nariz cresce, a humanidade aumenta.
E um triângulo, dentro de um quadrado de fogo, se constrói, vaticinando os 4 vértices perdidos por uma geometria efabulada.
Detalhes, míseros detalhes, benditos sejam pelo perpetuar dos mal-entendidos, que alimentam as insanas necessidades dos seres humanos.