terça-feira, 24 de julho de 2007

(Re)Descobrir Amarante (II)

(Ponte de S. Gonçalo)



Conta a "Pequena História de Amarante", já anteriormente citada no 1.º post, que quando S. Gonçalo começou a pregar em Amarante se deparou com um local dividido por um rio, inóspito e desabitado. Então o padre pregador, tendo pena daqueles que o queriam ouvir e tendo em conta que o único meio que podiam utilizar era o barco, resolveu construir uma ponte. Na verdade, o pregador viajado já tinha trabalhado noutras pontes. A construção terá começado por volta de 1250, sendo a primeira ponte aqui lançada, apesar de se falar numa antiga ponte romana, não havendo, contudo, indícios históricos nesse sentido.
Um baixo relevo decorativo existente na Igreja de S. Gonçalo, no alto da Nave Central (ficando aqui a promessa duma futura foto sobre esse relevo), representará esta primeira ponte, todavia a ponte seria, com certeza, diferente, na medida em que o santo não tinha necessidade de construir uma ponte com ameias e uma torre para defesa e portagem.
Esta ponte desmoronou-se no dia 10 de Fevereiro de 1763. A dita ponte tinha um cruzeiro a meio com a Senhora da Boa Passagem. Este foi retirado da ponte uma hora antes do desmoronamento, tendo sido colocado, posteriormente, na janela dum recanto da Igreja (para quem vem da ponte, está logo em frente!), ficando assim a proteger o trânsito (a bem conhecida imagem da Senhora da Ponte.)
A segunda ponte (a actual) só começou a ser construída no princípio de Julho de 1782, quando se obteve autorização para demolir o restante da outra ponte, sendo a travessia entre as duas margens efectuada por barco. No dia 5 de Setembro do mesmo ano, assentaram-se as primeiras pedras, às 15h, tendo vindo a imagem de S. Gonçalo em procissão, com grande afluência do Povo, Clero e Nobreza. Abriu ao trânsito em 1790, como consta do medalhão esculpido na pedra da pirâmide do lado direito de quem sai de S. Gonçalo para a ponte.
Curiosidades sobre a construção:
  • Mestre Construtor da ponte: Francisco Tomás da Mota (natural de Braga), tal como se encontra gravado na pedra do parapeito da ponte, do lado direito de quem vem de S. Gonçalo;
  • Até foi noticiada a mestria do construtor na Gazeta de Lisboa, em 16 de Setembro de 1788;
  • Em 1791 acrescentaram-se as 4 artísticas pirâmides;
  • A ponte foi paga com verbas dadas por todas as Câmaras dos concelhos vizinhos, com a receita dos barcos durante os 27 anos em que não houve ponte e com as multas aplicadas aos donos dos gados que invadiam os terrenos alheios. O Governo de D. Maria não subsidiou nada!
  • A ponte custou 26 938 mil réis.

3 comentários:

João Fachana disse...

Foto muito engraçada;) Estou a ver que és uma grande conhecedora da tua cidade! White Castle para presidente da câmara de Amarante daqui a alguns anos? Cuidado com o Ferreira Torres!

Rita disse...

Ainda me lembro de bem pequena ter aprendido uma "musiquinha" sobre o S.gonçalo de Amarante que estava virado para a vila...
Confesso que já não me recordo da letra, mas sei que na altura achava um "piadão" à dita música...

Coisas de criança!...
E este teu post sobre a tua cidade fez me lembrar essas coisas de criança..

(beijinhos!)

White Castle disse...

Rita, não será o cantar:

"S. Gonçalo,
casamenteiro das velhas,
por que não casais as novas,
que mal vos fizeram elas?"

;)


João Fachana, respondendo à tua pergunta, realmente lugares autárquicos nunca me atrairam, mas nunca se sabe o futuro... Quanto ao Ferreira Torres, ao menos serviu de catalizador à campanha, e o populismo já está fora de moda (ou n)...

Beijinhos aos 2