Um Santo Natal para todos!
Que o impossível que se tornou possível com o nascimento deste menino, nos guie e ilumine a todos!
Um bem haja muito especial aos meus blogs amigos e a quem perde uns minutinhos a visitar este blog ;)
Cumpre agora fornecer uma visão geral sobre a Igreja de S. Gonçalo.
A construção do Convento Dominicano e da Igreja anexa, em honra de S. Gonçalo, teve início em 1540, após autorização e ajuda de D. João III e de sua mulher, a Rainha D. Catarina.
O pórtico que valoriza a entrada lateral (que está na foto), bem como a fachada à esquerda, encimada pela Varanda dos Reis, é de um estilo e de uma época posterior à construção da Igreja. O traçado primitivo, da época filipina, é da autoria de Frei Julião Romero, mestre arquitecto dos dominicanos. Aliás, a varanda dos reis e a portada lateral, muito trabalhada, são dois melhoramentos posteriores para a valorização da fachada, que primitivamente era simples.
A edificação da Igreja e do Convento terminou na época de Filipe I, portanto antes de 1600. O contrato para a construção do pórtico e da Varanda dos Reis foi celebrado pelos frades dominicanos com o mestre construtor em 12 de Outubro de 1683, data em que se iniciou esta obra de valorização, portanto cerca de 100 anos depois do início da construção primitiva.
Nos próximos posts desta rubrica falarei de mais pormenores desta fachada.
Esta foto foi tirada na Estação da Livração (depois duma fantástica viagem, que espero continuação em breve em direcção a Barca D'Alva ;-), na parte em que se encontram estacionadas as automotoras que fazem a ligação com Amarante. Aqui começa a Linha do Tâmega. Assim, para se chegar a Amarante por linhas de comboio, tem de se sair na Livração e aí apanhar uma automotora. Eu ainda me lembro das antigas automotoras, mais robustas, barulhentas, trepidantes e menos asseadas, que faziam a ligação entre Amarante e a Livração. Agora estas são muito mais silenciosas, e tornam a viagem muito mais agradável!
Actualmente, a linha do Tâmega só liga Livração a Amarante, mas antes continuava até ao Arco de Baúlhe. Aí vivia a minha avó materna e, por isso, uma vez fui com o meu pai de automotora até lá, e recordo o fascínio que tal viagem me provocou, tal que ainda hoje me lembro do bulício das pessoas a entrar, do dia solarengo que estava, das flores das margens. E entristece-me sinceramente que aquelas linhas estejam ao abandono e que o encerramento desse troço tenha atirado para um maior isolamento esses lugares que viviam da linha do comboio para estar no mapa. Se é verdade que agora há a ligação por via rápida entre Amarante e Celorico de Basto que demora 15 minutos de carro, também é verdade que os velhos das aldeias não conduzem; e até mesmo a penosa(!) viagem de carreira de Amarante a Cabeceiras de Basto tem horários mais escassos e não serve as populações devidamente. E assim andamos, governo após governo, promessa atrás de promessa, a enterrar povoações, a empoeirar memórias, sorrisos, a desertificar o interior!
Nota Histórica:
Para mais informações sobre esta linha, ver, por exemplo, aqui e aqui.
em "As Intermitências da Morte", de José Saramago
Uma referência final à página pessoal sobre Amarante de Carlos Portela, que simpaticamente passou pelo meu blog ;)
Bernardo Soares, n'o Livro do Desassossego
Olhei muitas e muitas vezes para este brasão de Amarante, esculpido e cuidadosamente mantido, nesta sempre verde relva, enquanto esperava pelo meu pai, para ir almoçar a casa.
Para uma descrição mais pormenorizada sobre o brasão, ficam aqui as informações que retirei do site da Câmara Municipal de Amarante:
Brasão - De vermelho, leão rampante de prata, empunhando na dextra um feixe de três setas de prata, atados por uma fita de ouro perfilada de negro, sustido por uma ponte de prata de três arcos, ameada, perfilada e lavrada de negro, movente dos flancos e sainte de um ondado de prata e azul em ponta. O escudo circundado pelo colar da Ordem da Torre e Espada. Coroa mural de cinco torres de prata. Listel branco, com os dizeres a negro Amarante.
foto 3
" Bufo volta a ser a figura primordial do sistema. Abençoado Bufo que bufa para ganhar o seu. O Bufo anda munido de telemóvel de última geração, grava conversa, tira fotografia e filma. O Bufo evoluiu, cresceu, aprendeu e juntou o sorriso maquiavélico de democrático fingido. O Bufo ouve canções do Zeca e afins, tem sempre palavras de Abril na boca. O Bufo é amigo, diz que gosta da democracia e é uma espécie de orador culto, falando de cultura alegremente e alegremente cínico não aceita opiniões diversas. O Bufo é progressista, defende o progresso - diz ele- sempre que faz discurso. O Bufo é assim, cresceu, reproduziu-se e deu aos descendentes a cartilha que a bufaria deve usar."
Portanto, até o bufo evoluiu com as novas tecnologias... Big brother is watching you...
Tenho imenso orgulho no Cineclube de Amarante! Se é verdade que os filmes demoram a cá chegar, também é verdade que se mais não fazem é porque não podem e porque também os amarantinos não dão tanto valor como deviam a este grande serviço de cultura!
E na passada sexta-feira fui ver um filme que já queria ver há muito tempo: O Livro Negro. Ia com grandes expectativas, que não foram goradas. De todo! Aconselho vivamente e destaco uma frase, que devia servir de ensinamento a todos os líderes do mundo e a todos os comuns mortais:
Na parte final do filme, após a vitória dos Aliados, os holandeses festejam a sua libertação e prendem, escarnecem os vencidos, ajuntam-nos, tratam-nos como porcos, maltratam-nos, humilham e despejam neles os seus dejectos. No meio deste "arraial" de mediocridade, surge alguém da Resistência (Dr. Hans) que lhes diz:
E como esta frase resume tanto... E como devíamos aprender com ela...
(Ah, e fiquei fã de Sebastian Koch, também na imagem)
Adolfo Correia Rocha
Médico especialista
Ouvidos, Nariz e garganta
largo da Portagem, 45 - 1.º, Coimbra
Assim era o cabeçalho das receitas do conhecido escritor transmontano Miguel Torga!
Esteve em exibição até hoje(melhor dizendo ontem, tendo em conta a hora a que estou a escrever), na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira, em Amarante, uma exposição comemorativa dos 100 anos do nascimento de Miguel Torga. Este nasceu a 12 de Agosto de 1907, em S. martinho de Anta. Só tenho de dar os meus parabéns a esta exposição, que vai correr algumas cidades do país! Desde as suas obras, rascunhos, fotografias, fitas, diploma de licenciatura, cartas que demonstram a perseguição do Antigo Regime. Muito havia para ver e saborear, palavras deliciosas, que nos fazem querer sair daquele edificio, pegar numa mochila e descobrir as fragas de Portugal. Admito, dos 3 poetas contemporâneos que estudei no 12.º ano, foi de Miguel Torga que mais gostei. talvez por falar no meu Marão que sempre que estou em casa vejo, talvez por sentir nele a força duma natureza próxima... Desta exposição deixo ficar uns excertos que escrevinhei para mais tarde recordar: o primeiro tem que ver com o que falei em cima, o segundo, achei curioso, como praxista e como amante da minha capa negra!
"E é isso que me penaliza e assombra: que a intolerância possa constituir um modo de vida!"
"8 de Dezembro de 1933 - Conforme a tradição, mal o bedel disse que sim, que os lentes consentiam que eu receitasse clisteres à humanidade, conhecidos e desconhecidos rasgaram-me da cabeça aos pés. Só deixaram a capa. E aí vim eu pelas ruas fora, o mais chegado possível à minha própria realidade: um homem nu, envolto em 3 metros de negrura, varado de lado a lado por um terror fundo que não diz donde vem nem para onde vai." - Diário I, 1941